Muitas tribos das Filipinas pré-coloniais exibiam extrema afinidade para a guerra. Essa foi a maior força e também a maior fraqueza destes ilhéus. Os espanhóis, vendo este traço perceberam que a melhor maneira de conquistar o arquipélago era jogar as tribos umas contra as outras. Se você não que incitar um nativo duas vezes para lutar, então por que não apenas deixá-los se matarem uns aos outros.
Habitada pelos Moros e várias tribos pagãs, o caos era comum em Mindanao de idade. Um grupo de nativos pouco mencionado nos textos históricos são os Lutaos. O termo "lutao" significa "aquele que nada e vai flutuando sobre a água", que conota a natureza das tribos como moradores do mar. Uma tribo itinerante e extremamente guerreira, os Lutaos foram encontrados principalmente em Basilan e Jolo embora alguns deles tiveram assentamentos estabelecidos em Cebu e Dapitan, segundo documentos espanhóis.
Uma aldeia Moro em Jolo (Arquivo Digital de Fotografias das Filipinas, Biblioteca de Coleções Especiais da Universidade de Michigan).
O Volume 40 de "As Ilhas Filipinas", editado e comentado por Emma Helen Blair e Alexander James Robertson oferece uma longa discussão sobre os Lutaos. Este volume em especial cobre relatos históricos sobre as Filipinas no período 1690-1691.
Em uma parte que descreve o estilo de vida itinerante do Lutaos lê-se: "Essas pessoas odeiam a terra tão profundamente que não se preocupam de todo com seu cultivo, nem em obter qualquer benefício a partir dele. Todo o seu trabalho concentra-se na pesca, onde obtém os meios de troca que eles precisam, mesmo para a lenha que eles queimam e os troncos com os quais constróem suas casas e artesanato. Uma vez que eles são tão pouco apegados à terra, eles facilmente se deslocam para outras partes, não conhecem residência fixa, exceto o mar. Embora reconheçam aldeias em que eles se reúnem, raramente vivem nelas, pois eles estão espalhados pelas baías e praias apropriadas para a sua pesca."
Os Lutaos eram temidos na área por sua natureza guerreira e sua habilidade na construção de embarcações. "As embarcações utilizadas pelos Lutaos para a guerra são como os de piratas: terríveis, construído com particular atenção para a velocidade, tanto para perseguição, quanto para a fuga quando suas ações dessem errado, ou quando o seu missão era perigosa demais"
Melhores armas
Um Lutao dificilmente se considerava completamente vestido sem sua arma. Para suas tarefas cotidianas em tempos de paz, eles carregam um punhal kris. Estas facas são descritas como finamente trabalhadas com empunhaduras feitas de marfim e decoradas com pedras preciosas. Registros indicam que algumas destas armas foram avaliados como valendo 10 escravos cada uma.
"No que diz respeito às suas armas, a nação Lutao é o mais peculiar nestas ilhas, pois sentem toda a glória em ter as mais preciosas e melhores armas possíveis. Todas eles desde a mais tenra idade usam suas armas com tanto cuidado, que nenhum deles cogita sair de casa sem suas armas. O uso de armas é tanto uma questão de reputação, que eles consideram um insulto ser obrigado a ficar sem eles, regulando sua meticulosidade nesta região muito de acordo com as leis de España". (N. do T.: As leis espanholas da época proibiam os nativos de portar qualquer tipo de arma branca)
Um interior de um edifício Mindanao com armas exibidas na parede (Arquivo Digital de Fotografias das Filipinas, Biblioteca de Coleções Especiais da Universidade de Michigan).
Além de adagas, a Lutaos também possuiam lanças ornamentadas, que habitualmente usavam para aterrorizar outras pessoas: "suas lanças mostram o mesmo cuidado que os seus kris, são muito ornamentados e gravado, e têm suas capas douradas. O fuste é do melhor ébano ou de alguma outra madeira bonita, a intervalos colocam anéis de prata ou de lata (N. do T.: o testo original usa a palavra inglesa para estanho) sobre ele. A cabeça é de latão, que é habitual por aqui e tão altamente polida que rivaliza com o ouro. São tão ornamentadas que há lanças que são avaliadas no valor de um escravo. Na extremidade do fuste, prendem um grande sino e quando eles agitam lanças que ressoa ao junto com suas ferozes ameaças. Os valentes as usam como matadoras de homems, avisando àqueles que não distinguem entre eles e os de menor valor, para que possam evitá-los como se fossem víboras ".
Enquanto os Lutaos consideravam o punhal como arma em tempos de paz, o empregavam na guerra particularmente durante combate de perto, "De todas as armas a kris é inseparável e o usam de perto, após terem arremessado suas lanças da maneira usual. "
Outra arma especificamente mencionada no volume é a zarabatana, conhecida entre os nativos como sumpitan, "O uso da zarabatana, que tem o comprimento de uma braza (N. do T.: braça, medida náutica correspondente a 1,8m), espalhou-se dos nativos de Bornéu aos de Jolo e até mesmo para o Lutaos desta ilha. Soprando através dela é que lançam pequenos dardos untados com um veneno tão mortal que se uma gota única de sangue é contaminada, a morte é um resultado certo, se o antídoto não for aplicado rapidamente."
Classe eremita
Em incrível contraste com os Lutaos existe uma classe de eremita chamados Labias dentro da tribo Subanon. Os Subanons (forma espanhola "Subanos"), foram encontrados naqueles tempos no oeste de Mindanao, nas montanhas de Zamboanga e mais para o leste em Cotabato, Misamis, e Dapitan. O nome Subanos significa "Homens dos Rios."
As mulheres Subanons eram conhecidas por sua castidade e modéstia que fez a tribo estimado mesmo pelos Lutaos, "Isso tem assegurado tanto apreço e confiança nesta região que os chefes dos Lutaos, têm suas filhas criadas entre os Subanos, a fim de proteger seus filhas com mais segurança ao invés de levá-las para sua própria nação a menos que seja para casá-las."
O mais interessante é como uma classe de eremita dentro do Subanons, tão dócil na forma e aparência que os estudiosos estrangeiros os rotularam como hermafroditas, conseguiram sobreviver em um ambiente tão volátil como Mindanao, "Entre esta nação há uma classe de homens que professam celibato e são governados pela lei natural, eles são muito estritos e perfeitos em sua observância e tal é o sentimento de segurança em relação a eles, que eles estão autorizados a andar entre as mulheres sem qualquer medo ou desconfiança. Seu vestido é longo como o da mulher, com saias da mesma forma. Eles não usam armas ou se envolvem em qualquer outra coisa que é peculiar aos homens ou se comunicam com eles. Tecem as mantas que são utilizadas aqui, que é do emprego das mulheres e todos as suas conversas são com as mulheres. Portanto, o objetivo de vida que eles seguem vem a ser mais extraordinário por sua peculiaridade e seus perigos, considerando tanto a natureza desse país, e a pouca atenção que eles dão para os seus perigos.
Vivem muito satisfeitos, seja por seus próprios desígnios ou por sua disposição natural, que nunca desacreditaram sua posição como fraquezas. Eram, por assim dizer, eremitas de sua religião e eram tidos em alta estima."
Nenhum comentário:
Postar um comentário